Todo fim de tarde eu chegava da faculdade e tentava cochilar um pouco, mas quase sempre não conseguia. Onde eu moro tem muita criança e batia com o horário que elas voltam da escola e ficam brincando no parquinho. No meio da gritaria eu sempre escutava a voz de homem que chamava por uma tal de Cacá. Pelo jeito que ele chamava, parecia que ele era o pai e estava chamando a filha que fazia bagunça. Devia estar correndo muito com a bicicleta, ou indo muito alto com o balanço, não sei. O que dava para perceber é que ela não dava ouvido aos chamados do pai, já que esse continuava ainda por um tempão "Cacá, Cacá. Cacá".
Comecei a imaginar como seria a Cacá. Qual apartamento mora? Qtos anos? Ah, uns 3 ou 4, senão o pai não estaria sempre por perto. Já deve ir pra escolinha, deve ter franjinha, bochecha corada, deve ser do tipo que deixa a professora e os pais de cabelo em pé, mimada pelo avô, que traz chocolate todo dia. Criei na minha cabeça o rosto, a personalidade a história de vida da Cacá. Quando passava pelo parquinho ficava imaginando qual delas era ela.
Se eu ficava um tempo sem ouvir a voz do pai, "ah, está quente. Devem ter ido pra praia, como todos por aqui". Já na segunda escutava o pai outra vez, "ah, sabia. Deve estar com o nariz descascando". Será que já está trocando os dentes? Acho que não. E assim foi indo, até que um dia ouvi o pai da Cacá chamando por ela no meu andar. Finalmente eu descobriria quem eles eram. Olhei pelo olho mágico e vi um entregador de gás. Nada da Cacá. Abri a porta e dessa vez, tão de perto, deu pra ouvir o que ele falava. Era a voz do pai, ou melhor, do homem que eu achei que era o pai, mas ele não falava Cacá como eu ouvia da minha cama, e sim "Olha o Gás".
A Cacá era um botijao de gás, nada mais do que isso. Não ria, não brincava, não corria, não tinha o cabelo preto e bem lisinho como eu havia imaginado.
Comecei a imaginar como seria a Cacá. Qual apartamento mora? Qtos anos? Ah, uns 3 ou 4, senão o pai não estaria sempre por perto. Já deve ir pra escolinha, deve ter franjinha, bochecha corada, deve ser do tipo que deixa a professora e os pais de cabelo em pé, mimada pelo avô, que traz chocolate todo dia. Criei na minha cabeça o rosto, a personalidade a história de vida da Cacá. Quando passava pelo parquinho ficava imaginando qual delas era ela.
Se eu ficava um tempo sem ouvir a voz do pai, "ah, está quente. Devem ter ido pra praia, como todos por aqui". Já na segunda escutava o pai outra vez, "ah, sabia. Deve estar com o nariz descascando". Será que já está trocando os dentes? Acho que não. E assim foi indo, até que um dia ouvi o pai da Cacá chamando por ela no meu andar. Finalmente eu descobriria quem eles eram. Olhei pelo olho mágico e vi um entregador de gás. Nada da Cacá. Abri a porta e dessa vez, tão de perto, deu pra ouvir o que ele falava. Era a voz do pai, ou melhor, do homem que eu achei que era o pai, mas ele não falava Cacá como eu ouvia da minha cama, e sim "Olha o Gás".
A Cacá era um botijao de gás, nada mais do que isso. Não ria, não brincava, não corria, não tinha o cabelo preto e bem lisinho como eu havia imaginado.
2 comentários:
Mas soltava gases igual a Cacá devia fazer no seu imaginário né ? porque criança que não peida não é criança.
hahahaha, muito bom!
fiquei surpreso com o botijão de gás, afinal, é bem diferente de uma criança serelepe agitando a casa.
mas eu ainda prefiro as crinças ;)
linkei tuu certo?
ate mais
Postar um comentário