Em umas das idas ao meu cartomante - pessoa que eu pago para me iludir- recebi a informação que na minha ultima encarnação eu tinha sido uma freira. Diferente das outras asneiras, nessa eu não acreditei, pois eu já sei o que eu fui na minha ultima vida passada, eu fui um cachorro. Não que eu abane o rabo de felicidade ou levante a perna quando preciso fazer xixi, mas a identificação entre eles e eu é tão grande que não posso chegar a outra conclusão.
Desde pequena adoro cães, cresci dizendo que seria veterinária. Grande parte das pessoas que me conhecem não entendem por que de uma hora pra outra eu mudei e fui fazer comunicação. As vezes nem eu entendo direito, as vezes me pego pensando que errei, que deveria ter feito mesmo, que talvez eu tivesse sido mais feliz, mas vai saber ne? Gosto também de outros bichos, já adotei um passarinho que caiu na lareira, um gato que um ex-vizinho deixou pra trás, já tive tartaruga e ate já criei galinha em apartamento, mas minha historia com os cachorros é uma verdadeira historia de amor. Foras os cachorros de brinquedos,como um de pedra era pra ser um peso de papel e acabou virando meu brinquedo favorito, vários cachorros passaram pela minha vida: a Xuxa, a Margarida, a Lady, o Napoleão, a Pereba, o Brutus, a Hanna(esses dois últimos ainda tenho) e esses dias a Flora.
Domingo eu voltava do meu tradicional almoço quando, já perto da minha casa, encontro minha vizinha brincando com um Basset Hound. Ela me disse que o cachorro estava perdido por ali há alguns dias, que ela queria pegar mas a mãe não. Eu estava no carro com meu pai,olhei pra ele, sem falar nada e ele: -Neeeeeeeeeeeem pensar! Eu como sempre teimei.Dentro de poucos minutos aquele cachorro magro, sujo e machucado já estava dentro da minha casa e eu me vi dando soro a cada uma hora (ela tava com diarréia), correndo atrás de veterinário, dando banho, dando remédio,batizando, fazendo curativo na pata e tudo mais. Dois dias depois arrumei um dono pra Flora, um conhecido meu que já tem um macho da mesma raça. Não era o que eu queria, mas ainda não sou eu quem paga as contas aqui de casa, então ela teve que ir, já que assim era a vontade dos meus pais, que se dizem cansados das minhas adoções.
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