Atenção, atenção! Hoje eu trago comigo uma revelação bombástica. Uma revelação que vai deixar aqueles que me conhecem boquiabertos, sedentos de mais informações, tamanha a surpresa que eu vou causar. Já consigo ver as pessoas comentando:- A Marcela? Com aquela cara fechada? Não, não. Mas é verdade, era preciso admitir: eu, Marcela, choro fácil. Não consegue imaginar? Pois bem, vou citar algumas situações para provar que estou sendo sincera. Você chora em filmes tristes? Sim? Eu também. Mas e em filmes como A Filha dos Trapalhões? Pois é. Eu chorei, com direito a soluços, todas as vezes que eu o assisti e elas não foram poucas. Chorei também vendo O Grilo Galante, Bambi, Em busca do vale encantado e recentemente Nemo. Choro quando alguém fala comigo em um tom que eu acho indevido. Da pra imaginar o tanto de vezes que eu tive que ir chorar no banheiro da escola por que a professora gritou comigo? Chorei quando fui despedida pela primeira vez, chorei quando o cabeleireiro cortou meu cabelo errado, chorei quando meu cachorro sumiu, chorei quando meu pai teve que vender o carro e um dia dessas chorei por comida. Fome?Nada disso. Estava eu aqui em São Bernardo, em mais um dos meus fins de semana de depressão, quando eu decidi que tinha que reagir e sair daquela fossa. Pensei:- O que me deixaria feliz nesse momento? Decidi que comer rabada, algo que eu estava desejando há meses, faria meu sábado mais gostoso e conseqüentemente mais feliz. Tomei banho, me troquei e sai rumo ao restaurante. Chegando lá:- Ai moça, que pena. Tinha agora mesmo mas acabou, não tem nem dois minutos. Sei que vou parecer superficial, mas nesse momento eu me senti a pessoa mais desgraçada do planeta. Já não bastava estar sozinha e não ter nada pra fazer o dia todo? Eu tinha também que perder o almoço que eu tinha planejado com tanto gosto? Achei que só me restava chorar e chorei, para o espanto da balconista. Na volta passei pelo Mc Donalds, comprei um lanche com direito a batata frita e comi em frente a tv, reconstruída e feliz da vida.
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