30 de outubro de 2008

Sobre banheiros - Terça-feira, Setembro 30, 2008





Eu sempre gostei de banheiros. Banheiro é com certeza a melhor parte da casa. Acha estranho que agora as suítes dos ricos possuam um banheiro pra cada casal? Pois eu acho um sonho de consumo. Talvez eu goste por ter mais dois irmãos mais velhos e ter que dividir tudo, não ter privacidade pra nada. Desde criança me trancava no banheiro e ficava horas lendo gibi. Hoje eu não leio mais gibis, mas ainda me tranco. Converso no telefone, escrevo cartas, poemas, músicas, em suma, o banheiro é o meu divã.
O meu grande desconsolo é que agora eu mal freqüento o meu banheiro, praticamente só uso banheiro público. Escovar os dentes, que sempre foi algo íntimo pra mim, agora é como ir à feira. Passo o fio dental e discuto a novela das oito com a estranha que lava as mãos na pia ao lado. Dizem por aí que os banheiros femininos são mais sujos que os masculinos, mas cá pra nós, o vaso sanitário não deve ter sido inventado por uma mulher. Só quem é mulher sabe como é difícil não se encostar no vaso. É uma verdadeira arte, e direto nos damos mal nessas tentativas, principalmente com algumas doses a mais. Homem não, homem se ajeita em qualquer moita, o que também é nojento, embora invejado por nós.
Na rodoviária Tiête tinha uns tempos pra trás um vaso moderno, que tinha um plástico sobre o assento, e depois que você usava era só acionar a máquina que ela trocava. Era o melhor banheiro público. Pagava um real, mas pagava feliz. Lá eu podia me sentar sem ter medo de pegar uma doença venérea ainda não catalogada. Pena que, segundo a faxineira, as usuárias não tenham se adaptado. As mulheres não entediam como funcionava, puxavam o plástico com força, estragavam a máquina, e a administração resolveu voltar ao velho vaso de sempre.
É, o jeito é ir treinando o equilíbrio. Qualquer hora eu descubro uma boa técnica e publico aqui, caras companheiras de banheiro.

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