Se alguém me perguntar se eu tenho alguma crença religiosa eu fico em duvida. Digo que não, e quero acreditar que não, que é tudo uma besteira, mas às vezes me vejo presa na educação que recebi. Nego acreditar em paraíso, ou o contrario dele, mas morro de medo de purgatório. Toda vez que faço algo que acho errado me imagino na frente de um grande portão de ferro, tentando entrar para o céu, e um anjo olhando a minha ficha, vendo o que eu fiz e o que eu não fiz.
-Não, não, não. Está aqui, você quebrou o vaso e culpou seu irmão. Desce!
Na catequese, que eu tinha que ir todo o sábado, eu aprendi também que Cristo pode vir na forma de um mendigo, por exemplo, para testar a minha bondade. Como onde eu moro sempre tem alguém pedindo algo, eu me sinto testada o tempo inteiro. Toda hora estou dando um troquinho para quem pede e me sinto super culpada quando não dou.
Esses dias eu tava voltando do supermercado, cheia de sacolas na mão, quando começou a chover. Estava tentando ir mais rápido para me molhar menos quando ouvi alguém me chamando. Era uma mulher com um guarda-chuva. Céus, quanta bondade, ela vai me oferecer carona até em casa, que bom. Ta vendo só? Ainda dizem que os paulistas não estão nem ai pro próximo, pura implicância.
Cheguei mais perto e adivinha? Ela me pediu um trocado para pegar o ônibus. Não acreditei, eu ali, ensopada, cheia de sacola, e ela, toda sequinha, ainda tem a cara de pau de me fazer parar e me pedir dinheiro. Eu quis esganá-la, arrancar o guarda-chuva e dar na sua cabeça, dar uma sacolada na cara, tudo, mas só consegui responder um sem-graça ¿sinto muito, agora não tenho¿, e pensar: porque diabos eu não nasci numa família de ateus?
-Não, não, não. Está aqui, você quebrou o vaso e culpou seu irmão. Desce!
Na catequese, que eu tinha que ir todo o sábado, eu aprendi também que Cristo pode vir na forma de um mendigo, por exemplo, para testar a minha bondade. Como onde eu moro sempre tem alguém pedindo algo, eu me sinto testada o tempo inteiro. Toda hora estou dando um troquinho para quem pede e me sinto super culpada quando não dou.
Esses dias eu tava voltando do supermercado, cheia de sacolas na mão, quando começou a chover. Estava tentando ir mais rápido para me molhar menos quando ouvi alguém me chamando. Era uma mulher com um guarda-chuva. Céus, quanta bondade, ela vai me oferecer carona até em casa, que bom. Ta vendo só? Ainda dizem que os paulistas não estão nem ai pro próximo, pura implicância.
Cheguei mais perto e adivinha? Ela me pediu um trocado para pegar o ônibus. Não acreditei, eu ali, ensopada, cheia de sacola, e ela, toda sequinha, ainda tem a cara de pau de me fazer parar e me pedir dinheiro. Eu quis esganá-la, arrancar o guarda-chuva e dar na sua cabeça, dar uma sacolada na cara, tudo, mas só consegui responder um sem-graça ¿sinto muito, agora não tenho¿, e pensar: porque diabos eu não nasci numa família de ateus?
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