28 de janeiro de 2010

As filhas da Dani


Eu não tenho muito contato com crianças. As poucas crianças da minha família são primos de segundo grau, que mal sabem meu nome. Eu já me acostumei a ser ignorada por eles e não me importo, afinal, eu também ignorava os adultos quando era criança.
Também não sou aquele tipo de pessoa que consegue interagir totalmente com os pequenos. Gosto de conversar, saber o que fazem na escola, o que gostam de assistir na TV, ver como funciona a cabecinha deles, acho interessante, mas não sei jogar pra cima, fazer micagens, acho que sou um adulto tímido.
Achei que seria igual quando eu chegasse em Londrina. Três criança. Amanda, Aline e Ariane. Seis, cinco e três anos. Soube que elas pensaram que a prima que iria chegar tinha a idade delas. Fiquei imaginando o tamanho da decepção quando me vissem, mas não, para minha surpresa não se importaram. Na verdade elas grudaram em mim, tanto, tanto, que eu não sabia como agir.
Mexiam no meu cabelo, queriam ver meu brinco, brigavam pra sentar no meu colo, e eu ali, dura, sem reação. “Prima, quer ver a gente brincando de Barbie?” “Prima, quer assistir a Branca de Neve?”, “Prima, olha o que eu faço!”, “Prima”, “Prima”, “Prima”. As vezes cansava, mas ainda assim, eu precisei assumir, elas eram apaixonantes.
No meio de tanta correria, choros, risos, fui percebendo que elas não são iguais as outras crianças que eu conheço. Elas não tem computador, nem videogame, nem celular. E se elas querem? Claro que sim, elas querem tudo que conseguem ver, mas por enquanto não é necessário, então elas brincam de boneca, de bicicleta, de balanço.
São espontâneas e são repreendidas, fazem perguntas que não devem, escutam o grito lá da cozinha,fazem coisas erradas e tem medo de apanhar da mãe, e a mãe não para ouvir tudo o que elas tem a dizer, não se preocupa em ser justa o tempo todo, e ok, elas vão crescer, vão superar, vão seguir com suas boas e más lembranças da infância.Elas não são o centro do universo, são só mais três garotinhas.
Percebi que era essa sensação que me fazia falta nas outras crianças que eu conheço, saber que são iguais a tantas outras, de saber não ser especial, de saber ser só mais uma criança, igual eu também fui um dia, só mais uma, criança.


4 comentários:

Eduardo Machado Santinon disse...

As três titicas são felizes.

Eduardo Araújo disse...

Você tá ficando mole.

Sakana-san disse...

Que post... fofo! :)

paulete miletta. disse...

marcela, que lindo.
nem vou tentar explicar, mas eu sei. rs.