Eu fico feliz com coisas pequenas. Quando tudo está uma merda, basta achar uma música que eu gosto muito no SoulSeek, e pronto, já vou dormir feliz. Um abacate maduro, encontrar rúcula na sessão de frios, um filme bom na promoção das Lojas Americanas. Qualquer um desses exemplos e basta. Ou bastava.
Aconteceu que algumas semanas atrás nada mais me alegrava. Não havia abacate no mundo que fosse suficiente. Nem doces. Comi todos os doces que me apareceram e nada, só quilos a mais. Parecia que não liberavam mais a serotonina de costume. Ou o tédio tinha se enraizado até os ossos.
Desesperada, resolvi consumir. Dizem que faz bem. Mas comprar o que? Nem pra gastar dinheiro eu animava. Pensei em todos os meus sonhos de consumo e nenhum me deu ganas de sair torrando minhas economias. Andei pelo shopping inteiro e nada saltou aos meus olhos. Desisti, ou além de entediada, ficaria pobre.
Decidi ver um filme. Comédia ou drama? Resolvi assistir Marley. Um maldito blockbuster saberia mexer com minhas emoções. Engraçadinho até, ri um pouco, mas não chorei. Todos de rostos molhados e eu ali, pensando o quanto era piegas aquela alternância entre vídeos do cachorro jovem e saudável, e o cachorro velho, morrendo no veterinário. Brega. E pensar que eu chorei tanto assistindo “K-9, um policial bom pra cachorro”...
Quando achei que tudo estava perdido, que eu estava fadada a melancolia eterna, dei de cara com ele. Lindo, chamativo, destacando entre os demais: Magnum Chocolate Belga.
Eu precisava experimentar. Eu amo sorvete Magnum, mas é caro, por isso eu nunca compro. E amo chocolate belga. Chocolate belga está no meu top 5 delícias do mundo. Sim, MAgnum Chocolate Belga traria minha felicidade de volta.
Como nada é fácil na vida, não tinha a especiaria na padaria. Nem na outra, nem na outra. Só fui encontrar o meu antídoto após uns quinze dias. Quando achei fiquei namorando. Cheirei, cheirei, examinei, e por afim abri. Dei uma mordida. Duas mordidas. Não tinha a menor graça.