Tinha um amigo que costumava viajar com suas namoradas assim
que começava o romance. Dizia que era a melhor forma de saber se daria certo ou
não. Eu sempre quis testar essa teoria
com meu atual namorado, mas nunca dava certo. Faltava dinheiro, faltava tempo,
faltava sol. Por fim consegui.
Viajar com o namorado é de fato ótimo. Primeiro por motivos
sexualmente óbvios, segundo por que é gostoso viver coisas juntos, só os dois,
como se fosse um segredo, aquele sorvete delicioso que vocês descobriram, aquela praia
bonita, aquele guia e suas piadas chatas, tudo vira história de nós dois, tudo
vira amor. Ou não.
Ou não porque infelizmente meu amigo tinha razão, é uma
ótima maneira de conhecer alguém, mas nem sempre se conhece o que se esperava. Pode ser uma bela decepção. Ok, decepção é uma palavra muito forte. Vamos
chamar de leve tristeza.
Fiquei levemente triste por saber que ele não gosta muito da
combinação areia-mar-piscina, por
exemplo. Poxa, eu gosto de ficar até o arroz secar. Como posso passar uma vida
do lado de alguém que se contenta em ficar dez minutos na praia e já está bom?
Alguém que prefere ver TV? Queria jogar a TV pela janela!
Mas o problema não é com ele, é comigo. Eu e minha eterna
mania de fantasiar, romancear. Achava o que? Que uma pessoa que é extremamente
cautelosa em tudo que faz se tornaria um aventureiro só porque está há algumas
milhas longe de casa? Claro que não.
Seria até assustador.
Talvez se eu só focasse em como ele superou o medo de avião
para viajar comigo, em como ele quis me agradar diversas vezes, em como fui
carinhoso e paciente, catando conchinhas, passeando pela orla, mas não, fico pensando na porcaria da piscina que ele não
quis entrar. Nenhum dia.