12 de outubro de 2011

Gatos – por que não tê-los

Às vezes eu me arrependo de ter gatos. Não que eu não goste dos meus, eu adoro, mas bicho dá trabalho, muito trabalho. Se fosse voltar no tempo talvez eu tivesse um, ou no máximo dois, pra um fazer companhia pro outro, mas três não. São três remédios para pulga, que são caros, três vezes mais rápido para acabar ração e três vezes mais estragos na casa. E eu nem vou contar tudo que já se perdeu aqui em casa por conta dos gatos, porque se minha mãe ler isso aqui ela põe os três mais eu pra fora de casa.

Além do xixi e outros, que volta e meia teimam em aparecer em lugares errados, tem outra coisa chata em ter gatos, os amiguinhos e inimigos. Eu castrei meus gatos e eles não sentem necessidade de sair de casa, mas e daí? Quem disse que eu estou livre de gatos marcando território aqui em casa? E eles surgem do nada! Quase todo dia surge um novo. Branco, amarelo, siamês, gatos para todos os gostos. Alguns ficam mais chegados, tomam banho de sol junto, mas e os encrenqueiros? Aparecem de madrugada e fazem aquele escarcéu no quintal. E os vizinhos reclamam. Eu digo que não são os meus, que os meus são lindos e castrados, mas quem acredita? Gato chama gato, não adianta.

E por que aquelas coisas fofas e meigas teimam em trazer bichos para casa, meu deus? Pombinhas, grilos, e ratos. Sim, ratos. Tá vendo? Por isso você não pode humanizar o animal. Eu moro em uma casa com quintal, mato, toda região aqui é cheia de bicho, então meu, eu sei que as protetoras arrancariam a minha pele ouvindo isso, mas não dá pra controlar. Meus gatos comem ratos. Todos não, só dois, um é preguiçoso para atividades como a caça, mas os outros, blá, que nojo. Nada pior que você estar jantando uma bela macarronada e seu gato aparecer com um rato sem cabeça na cozinha.

Gatos - por que os tenho.

Apesar de todos os dissabores, são tão fascinantes esses filhos da mãe. Acho incrível a personalidade, muito forte. Meu gato carinhoso é assim desde filhote, a minha gata arisca também, e não a santo que os mude. E eles se odeiam e disputam tudo, vão duelando da sala até a cozinha, onde fica a ração. E os dois se dão bem com o outro, que se dá bem com todos os gatos que aparecem, mas é preguiçoso que só e também medroso, desde sempre.

Gato é bom para se observar. É só o meu gato começar a caçar um mosquito que seja que eu paro tudo que estou fazendo. Gosto de ver o momento que ele passa de animalzinho de estimação para predador. E como mantém forte o instinto, o bigode ouriçado, a pupila dilatada, e não há inseto que escape da sua mira. Ou uma sombra na parede.

Meu irmão prefere cachorros. Eu já preferi cachorros, hoje não. Claro que me fascina a inteligência, a fidelidade, mas cachorro te cobra muito. Você atrasa o passeio e ele olha daquele jeito que faz você se sentir o pior dos mortais. E se vai viajar ou coisa assim? Quando você volta ele está tão histérico e desesperado por você que não tem como não sentir remorso. É conviver com uma noiva suicida todos os dias. E já são tantas culpas para carregar hoje em dia. Avós que não vamos visitar, amigos que não telefonamos, não sei se quero mais uma.

Gatos não, gatos entendem que você está trabalhando muito e ok, porque ele também está muito ocupado. À noite, quando você estiver tranqüilo e ele também, talvez ele se aninhe no seu colo enquanto você lê um livro e te olhe com aquela cara de tá tudo bem, eu te entendo, e a vida segue.

2 comentários:

Eduardo Araújo disse...

Num texto lindo sobre gatos, uma definição perfeita para cachorros:

É conviver com uma noiva suicida todos os dias.


adorei

Anônimo disse...

Gatos...gatos...companhia pra quem tem muitas outras mas no fim nao tem ninguem. E como viver numa casa que so tem quartos.